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Homilia de abertura do Capítulo Geral 2025 da OCSO

  • 12 de set.
  • 3 min de leitura
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Homilia proferida por Dom Bernardus Peeters, Abade Geral da nossa Ordem, no dia 3 de setembro de 2025 (disponível em https://www.youtube.com/live/U8IuAI2w46o?si=OC-s40Afl28So1Yi).


Irmãos e irmãs, aqueles que pediram ajuda a Jesus para a sogra de Simão, que estava de cama com uma forte febre, estavam sem dúvida cheios de esperança. Tinham testemunhado a falta de saúde da sogra de Pedro. A esperança de cura parecia ser a única âncora que lhes restava. Mas onde lançar essa âncora?


Eles escolheram Jesus, provavelmente depois de terem recorrido ao médico local e a muitos outros tipos de curandeiros. “Esperança não é a convicção de que algo vai dar certo, mas a certeza de que vale a pena fazê-lo”, segundo um teólogo contemporâneo. Eles esperavam algo de Jesus. Ele é digno de receber a âncora da esperança deles. E nessa esperança, eles não ficaram desapontados.


Aqueles que chamaram Jesus em busca de ajuda permanecem anônimos. Assim como os amigos do paralítico que o levaram até Jesus. Foram eles que recorreram a Jesus, inspirados pela esperança. Irmãos e irmãs, não é essa uma bela descrição da missão que temos como contemplativos na Igreja e no mundo de hoje? (O carisma cisterciense no mundo atual como sinal de esperança.)


Neste momento da história de nossa Ordem, somos confrontados com um grande senso de vulnerabilidade. Não apenas na Ordem, mas também em nosso mundo: violência, fome, refugiados e as consequências das mudanças climáticas. Levamos essa vulnerabilidade a Jesus, ou melhor, à “esperança que nos está reservada nos céus” (Cl 1,4)? Ou nos deixamos tentar a negar a realidade, a desviar o olhar? Ou ficamos paralisados pela tristeza e pelo medo? Talvez sejamos tomados pelo medo da morte? Ou então tentamos, com todas as forças, evitar as perguntas mais profundas que essa vulnerabilidade suscita? Levar a nossa vulnerabilidade a Jesus parece algo tão simples e comum, mas como é difícil!


“Esperança não é a convicção de que algo vai dar certo, mas a certeza de que vale a pena fazê-lo.” Jesus vale a pena para nós, a ponto de colocarmos somente n’Ele a nossa esperança e de Lhe apresentarmos a nossa vulnerabilidade? Por que queremos fazer isso? Para que Ele toque e cure a nossa vulnerabilidade, para que pronuncie a Sua palavra redentora, mas, sobretudo: para que possamos servir.


Nosso Ir. Gregório fez uma das preces durante a Santa Missa
Nosso Ir. Gregório fez uma das preces durante a Santa Missa

A sogra de Pedro se levantou e os servia. Ela leva Jesus ao povo. Não é essa também a nossa missão como contemplativos? Cheios de esperança, levamos a vulnerabilidade de nós mesmos, da Igreja e do mundo a Jesus. E nesse encontro, acontece uma admirável troca: a nossa vulnerabilidade torna-se a vulnerabilidade d’Ele, a nossa esperança torna-se a esperança d’Ele. (Não é este o papel da Eucaristia em nossa vida monástica?)


Irmãos e irmãs, que este Capítulo Geral seja para todos nós uma oportunidade de levar a nossa vulnerabilidade a Jesus. Que seja também a ocasião de levarmos a vulnerabilidade dos outros a Ele, porque somente n’Ele podemos ancorar a nossa esperança. Que caminhemos juntos como peregrinos da esperança em direção a Ele. Então Ele nos tocará e nos levantará com as Suas mãos curadoras, para que possamos, mais uma vez, estar a serviço na Igreja e no mundo.


Que o Capítulo Geral seja como o quarto da sogra de Simão, enferma. Que possamos experimentar a presença de Jesus. Ele que, em nossa fraqueza, é a nossa única esperança. Que a nossa fraqueza se torne a Sua fraqueza, e assim se transforme em nossa força para vivermos hoje a nossa missão na Igreja e no mundo como sinal de esperança.

 
 
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